Viagem de 11 horas levou a composição por apertados caminhos rochosos.
Trem será utilizado para levar centenas de pessoas ao som de muito forró.

do forró.
Mesmo o transporte de passageiros também aconteceu, por muito tempo, nos carros do ferrovia. Ainda há quem lembre da época em que o trem levava e trazia passageiros. Como a dona de casa, Antônia Silva, que mora às margens da ferrovia, em uma vila no município de Santa Rita. “Antigamente passava muito trem. Agora só passa de vez em quando. Quando passava, era bom demais.”

Os integrantes desta jornada são quatro maquinistas, cada locomotiva precisa de dois para ser pilotada, um manobrador, que engata e desengata vagões, um supervisor de vagões e três mecânicos ferroviários, que além de fazer consertos na composição, faz reparos na linha férrea, quando necessário.

histórias de antigamente.
Apesar dos pouco mais de 30 anos de uso, a locomotiva, que tem motor Bombardier de 1.025 cavalos de potência, pode chegar a 90km/h sem problemas. Mas o pouco uso da linha férrea pode esconder armadilhas como trilhos cobertos por areia, por pedras, ou até roubo de trilhos. Por conta disso, a viagem tem a velocidade média de 20km/h e passa a ser um misto de passeio e verificação do trecho, que é como os ferroviários chamam a linha entre duas estações.
Atualmente são poucos os que usam esse trecho para transportar cargas e não há mais transporte de passageiros. “Há 30 anos, as pessoas viajavam de trem o tempo todo. Também havia muito álcool, cana de açucar e minério sendo transportados pelos trens”, contou o maquinista da Transnordestina Paulo César.

viagem, que levou 11 horas para terminar.
O supervisor de movimento da CBTU, Odilon Tenório, que ficou na estação de João Pessoa, já vai completar 30 anos na empresa e fala com saudosismo do tempo em que haviam muitas outras viagens. “Houve um tempo em que era tanto trem aqui, que dava um trabalhão para organizar as composições na estação. Hoje, o tempo de espera entre um trem e outro é de 59 minutos.”

E a saudade não é só de Odilon, os maquinistas e mecânicos que embarcaram, passaram boa parte do percurso contando histórias de antigamente e, como que revivendo os velhos tempos, se enchiam de orgulho.
E um ponto curioso a se registrar é que, além das quatro ou cinco paradas para arrumar os trilhos à frente ou fechar alguma válvula que teimava em abrir e deixar escapar a pressão do motor, duas rápidas pausas na viagem foram para cumprimentar parentes de Silvio Cesar, supervidor de maquinista, e um colega maquinista que está de licença médica. Ambos moram em casas às margens dos trilhos.
Por volta do meio dia, foi feita uma parada para todos almoçarem em Itabaiana, cidade onde o maquinista Paulo César mora e que já foi um importante entroncamento de trilhos que levavam para o Sertão da Paraíba, para o Rio Grande do Norte e para Pernambuco.

O trem passa por lugares que as estradas não cortam. Logo, há muitas paisagens campestres e construções inusitadas como ruínas de estações cercadas por uma mata densa sem estradas próximas e uma ponte inglesa de mais de 110 anos em perfeito estado por onde a composição cruza o Rio Paraíba.
A viagem passa pelos municípios de João Pessoa, Bayeux, Santa Rita, Cruz de Espirito Santo, São Miguel de Taipu, Itabaiana, Mogeiro, Ingá e Campina Grande. A parada do almoço levou uma hora e depois o trem seguiu para Campina Grande, terra do Maio São João do Mundo.
No trajeto há matas fechadas, plantações, garças e gado dividindo o pasto, revoada de carcarás. O trem passa por estreitos de pedra, pontes altas e baixas sobre rios e estradas. A saída aconteceu depois do nascer do sol, mas o pôr-do-sol marcou o fim da jornada, na Estação Nova, em Campina Grande, às 18h30.

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