Jackson morreu aos 62 anos depois de construir carreira e fazer história.
Artista é paraibano de Alagoa Nova, mas livro errou naturalidade de cantor.

Jackson nasceu em Alagoa Grande, no Brejo da Paraíba, em 31 de agosto de 1919 e passou boa parte da vida em Campina Grande. A motivação para a arte nasceu da admiração pelo trabalho da mãe. A cantadora de coco Flora Maria colocou o filho para tocar zabumba na sua banda já desde os sete anos de idade.
Em Campina Grande, o ritmista passou a apreciar os filmes de faroeste e ganhou o apelido de Jackson, inspirado em um personagem americano. Na Rainha da Borborema trabalhou de padeiro e até foi goleiro de um clube da cidade. Apaixonou-se pela vida boêmia e passou a tocar vários instrumentos em bares da cidade.
Jackson do Pandeiro passou a fazer duetos e parcerias com nomes como Luiz Gonzaga, Edgar Ferreira e Rosil Cavalcanti. O moleque de Alagoa Nova já não era mais patrimônio exclusivamente paraibano. Ele se tornou um fenômeno da música regional e o Brasil inteiro escutou as músicas e o toque do artista, que ficou conhecido como o Rei do Ritmo. Especializou-se em fazer canções, composições belíssimas tendo à mão apenas um pandeiro e já era mais que suficiente para encantar a todos.
"Os três icones maiores da música nordestina são Gonzaga, Marinês e Jackson, que foi quem botou um acelerador em todos os ritmos. O rojão é o grande legado deixado por ele, que acelerou o baião e urbanizou a música rural. A identidade dele é essa. Inclusive o frevo sofreu influências de Jackson e se tornou esse ritmo mais acelerado, mais gostoso que é hoje. Os sulistas dizem que o samba é o pai do ritmo, então o coco é o avô e Jackson é o grande mestre desta arte. A musicalidade nasce no Brasil entre a Paraíba e Pernambuco. Assim como Jackson, eu sou paraibano e filho de pernambucana", disse Biliu de Campina, discípulo de Jackson.
Memorial Jackson do Pandeiro

pandeiro gigante na entrada em homenagem ao Rei
do Ritmo.
Jackson é pernambucano?É bem verdade que a mãe do artista, que o inspirou na carreira, é pernambucana de nascimento. Porém, o Rei do Ritmo é mesmo paraibano, de Alagoa Nova. Contudo, uma confusão recente no mundo da pesquisa apontou que Jackson seria pernambucano e causou uma polêmica. Escrito em 1998 pelo maior pesquisador de música brasileira do país, o baiano Ricardo Cravo Albin, o livro MPB, A História de Um Século foi relançado em junho pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), com dois erros graves na página 72, pois dizia que Jackson do Pandeiro (1919-1982) é pernambucano e que nasceu em “Lagoa” Grande.
O livro é um dos mais completos sobre a história da música brasileira, mas cometeu essa gafe. Em entrevista ao Jornal da Paraíba, Cravo Albin atribuiu a falha a um erro de revisão. “Isso é tão absurdo! Fiquei tão contrariado, afinal nosso José Gomes Filho sempre foi um grande amigo meu e, claro, eu sei que ele é da Paraíba e nasceu em Alagoa Grande, tanto que a informação está correta no Dicionário Cravo Albin”, rebateu. O autor disse ainda que será feita a correção a partir da próxima edição.
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