"Eliza foi violentada e agredida" enquanto estava com Bruno, diz promotor



Henry Vasconcelos afirmou que goleiro pagou R$ 5.000 pela morte de modelo

 Após cerca de duas horas de atraso no último dia de julgamento, o promotor Henry Wagner Vasconcelos começou os debates. Ele deu início à sua fala com a trajetória de Eliza Samudio, que aos 15 anos saiu de casa ao descobrir que seu pai abusava sexualmente de sua irmã.
— Caiu no mundo condicionada pelas experiências terríveis. Tinha sonhos de reconhecimento que jamais alcançara no seio familiar. Eliza ambicionava ser modelo e buscava impulsionar a carreira através de interações com esportistas, jogadores de futebol.
Segundo Vasconcelos, a modelo teria sido violentada enquanto esteve com Bruno e "sua turma".
— Fernanda, "aquela dissimulada", disse que não tinha lesão aparente. Eliza foi violentada, agredida, subjugada, submetida, levada ao interior da casa do goleiro no Recreio dos Bandeirantes. Eliza foi sangrada. Foi feita cativa e trazida para Minas Gerais, onde Bruno e sua turma achava que poderiam dar cabo à vida dela com mais facilidade porque aqui ela não tinha relacionamentos.
O promotor conta que o envolvimento de Eliza com Bruno se deu em três relações sexuais, o que desencadeou em uma gravidez. Logo, a ex-modelo passou a sofrer oposição do jogador para ter o filho. Em seguida, a acusação citou um poema de uma portuguesa, chamado Mendiga, que fala de uma "alma arrebatada deste mundo".
-— Eliza estava a se tornar mãe e todo seu modo de interação com o mundo e as pessoas. Eliza experimentara o abandono, mas que não pretendia abandonar o próprio filho. Tinha o propósito de reinventar a própria história.
Ao se dirigir aos jurados, o promotor alegou que é preciso "proporcionar a colheita desses réus" e começou a contar os passos da ex-modelo desde 21 de maio de 2009, quando conheceu Bruno. Vasconcelos relatou a denúncia de Eliza à Polícia Civil do Rio de Janeiro, em que diz ter sido sequestrada pelo goleiro, Macarrão e outros dois homens, Marcelão e Russo, e obrigada a tomar abortivos. Após se recuperar, prestou uma queixa e foi à imprensa. Oito meses depois, os exames comprovaram as substâncias abortivas em seu organismo.
— Ela relatou que o goleiro a advertiu a não procurar a polícia, pois, se o fizesse, ele mataria a ela e cuidaria de matar suas amigas e seus familiares, momento em que Eliza teria afirmado: "Ora, mas se você me matar, eles vêm atrás de você". Ele disse: "Mas se eu matar você e sumir com você, ninguém vem atrás de mim não". Aí, se iniciava a crônica de uma morte anunciada. Ela sabia que podia ser morta. Abandona o Rio, e vai para São Paulo para se abrigar em casa de amigas.
Eliza se dispõe a ir ao Rio para realização de um exame de DNA. Tudo teria sido combinado com Macarrão. Logo, Vasconcelos mostra os registros telefônicos, provando que Macarrão ligou para Eliza e a encontrou no dia 4 de junho, o que é comprovado pelo depoimento do primo do jogador, Jorge Luiz. O adolescente disse que Macarrão falou "vamos dar um susto nessa moça". Com uma arma, os dois pegaram a ex-modelo que entrou no veículo com o bebê e uma bolsa. Quando Macarrão disse que "Bruno é um babaca", o jovem saiu do porta-malas e atingiu Eliza com três coronhadas de uma pistola 380.
— Ele revelou o valor vulgar dado por Bruno e por Macarrão à vida de Eliza: R$ 5.000, pagos com atraso pelo Bruno através do Macarrão ao executor.
O promotor questionou o depoimento do motorista do jogador, Cleiton Gonçalves, que comprou óleo diesel para tentar apagar o sangue. Ele usou o relatório da perícia, que revelou grande quantidade de sangue na Land Rover, lavadas várias vezes para que a "perícia não pudesse constatar origem do material". Ele também apontou o envolvimento de Cleiton no transporte da criança a uma mulher em Ribeirão das Neves a mando da mulher de Bruno, Dayanne Souza.

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