
O Governo do Estado, por meio do
Empreender Paraíba, incentiva a produção de couro na região do Cariri.
Na cidade de Cabaceiras, o volume de negócios do Curtume Coletivo Miguel
de Sousa Meira, no Distrito de Ribeira, aponta o aquecimento do setor.
Desde meados de 2012, os investimentos em equipamentos trouxeram mais
qualidade ao couro semi-acabado e elevação de 25% na produção.
Para o gerente executivo do Empreender-PB o
programa contribuiu para o crescimento econômico da região e,
consequentemente, na melhoria de vida das pessoas. “O Empreender PB
auxiliou não só na compra de maquinário e equipamentos, mas na melhoria
de vida das pessoas da comunidade, haja vista que antigamente os
adolescentes migravam para os grandes centros e deixavam para trás suas
famílias e hoje com o auxilio do governo do Estado, através do
Empreender PB, esse movimento de migração acabou. Acreditamos que a
melhoria tem que ser não só na parte financeira, mas também no social”,
afirmou o gerente.
O diretor-presidente da Cooperativa dos
Curtidores e Artesãos em Couro de Ribeira, José Carlos de Castro,
comemora os resultados. “São 287 pessoas, 55 famílias e 72 sócios que
vivem exclusivamente do curtimento de couro e do artesanato”, afirma. O
empréstimo do Empreender Paraíba foi no valor de R$ 240,8 mil para a
compra de novos maquinários e a instalação de outras máquinas adquiridas
anteriormente pela Cooperativa que tem nome fantasia 'Arteza'.
“Nossa produção estava devagar. Com o
dinheiro do Empreender, compramos as máquinas que faltavam e colocamos
para funcionar as demais. Antes a gente curtia 4 mil peles de cabra, ao
mês, e hoje a produção chega a 7,5 mil unidades/mês com a perspectiva de
mais aumento”, calculou José Carlos.
Ele afirma que o couro de caprino, no
processo de curtimento vegetal adotado pelo Curtume de Ribeira, é um dos
melhores do país, praticamente sem odor. A pele é comprada na Paraíba,
Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Depois do curtimento é vendida
para vários Estados do Brasil. Para não faltar matéria-prima, os
cooperados ainda contam com fornecedores de outros Estados.
Antes da cooperativa as pessoas disputavam
o mercado individualmente e há 14 anos passaram a ter mais lucro com o
associativismo. Na região de Cabaceiras, o cultivo do alho era a
principal fonte de renda no passado, hoje substituído pelo curtume. A
cultura do couro é centenária em Ribeira. Houve uma época que a região
tinha quinze curtumes e pequenas fábricas artesanais. Para manter a
atividade, a comunidade optou pelo cooperativismo e alavancou os
negócios.
“Hoje cada um já tem seu salário
tranquilo, os mais antigos têm renda média mensal de R$ 1.500,00 e os
iniciantes a partir de R$ 270,00 mas a média é o salário mínimo. A renda
não é fixa. Aqui se ganha por produção. Ganha mais quem produz mais”,
acrescenta o presidente da cooperativa. A grande maioria dos cooperados
tem motocicleta, carro e casa própria. Muitos jovens estão investindo em
cursos de nível superior.
Vitrine - O Programa de Artesanato da
Paraíba é uma das vitrines da Arteza. Os artesãos do Distrito de Ribeira
viajam o país em feiras e eventos, onde divulgam e vendem seus
produtos. “A gente vende para Brasília, para clientes do Rio de Janeiro,
São Paulo e Rio Grande do Sul”, diz José Carlos de Castro. Ele adianta
que está prestes a fechar negócios com empresas da cidade de Franca-SP,
importante polo de calçados.
Beneficiamento - A cooperativa compra o
couro conservado no sal. O curtimento inclui lavagem, retirada do pelo,
descarne e a parte final que é o curtimento e a graxa. Depois de secar, a
matéria-prima chega ao estágio de couro cru, quando está apto a ser
tingido. A lavagem do couro dura, em média, quatro horas. Em seguida, o
couro recebe óleo vegetal para amaciá-lo. Depois da secagem, as peças
passam pelas prensas para a retirada dos pelos. Como produto final, o
couro se transforma em bolsas, sela, calçados, carteiras, chaveiros,
cintos, roupas, dentre outros produtos.
O couro utilizado é praticamente de
caprinos. O de origem bovina representa um percentual em torno de 10%.
para dar maior visibilidade aos seus produtos a Arteza pretende criar
uma loja virtual.
Turismo – O curtume do Distrito de Ribeira
recebe turistas de todo Nordeste e até do exterior. As pessoas quando
chegam em Cabaceiras, na lojinha da Arteza, podem ir até o curtume, que
fica a cinco quilômetros da cidade. Em João Pessoa, a loja fica no
Mercado de Artesanato Paraibano, no bairro de Tambaú.
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