O Açude Epitácio Pessoa, na cidade de Boqueirão, região de Campina Grande, chegou a 20,36% da capacidade. O valor já é inferior aos 23,9% que permitiram o início do racionamento na região, em dezembro de 2014. Apesar disso, a Agência Executiva de Gestão de Águas (Aesa) informou na tarde desta quarta-feira (18) que não há planos para que o racionamento seja adotado novamente.
O presidente da Aesa, Porfírio Loureiro, explicou que a situação do açude hoje é diferente da de 2014. Segundo ele, além das chuvas de 2019 terem sido maiores, o reservatório tem ainda a transposição do Rio São Francisco, que foi inaugurada na Paraíba em março de 2017 e começou a garantir água para Boqueirão em abril daquele ano.
Porém, o açude de Boqueirão voltou a perder volume de 2018 a 2019 após vários problemas na vazão e liberação de água do São Francisco para a Paraíba. O mais recente deles ocorreu em Pernambuco e impede que a água seja bombeada. Somente nos últimos três meses, o açude teve uma redução de 23 milhões de metros cúbicos de água – uma queda de 18%.
Porfírio tem um encontro no fim da tarde desta quarta-feira (18), na sede da Federação das Indústrias da Paraíba (Fiep), com empresários ligados aos setores industrial e comercial de Campina Grande e representantes de sindicatos. A reunião será conduzida pelo presidente interino da Fiep, Magno César Rossi, e servirá para que Loureiro explique que a região de Campina Grande não vai ter novo racionamento.
Na ocasião, serão discutidas ainda estratégias para evitar que Campina Grande e região enfrentem um novo desabastecimento de água, e vai ser abordada também a questão da manutenção no canal da transposição, que tem apresentado uma série de problemas estruturais, que comprometem o bombeamento da água até o Açude de Boqueirão desde o mês de fevereiro.
O presidente da Aesa disse ainda que o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), responsável pela transposição, deverá dar uma resposta quanto ao retorno do bombeamento da água do rio para a Paraíba até o fim de setembro.
RACIONAMENTO
O racionamento de água em Campina Grande seguiu de dezembro de 2014 até 25 agosto de 2017, mas ele não acabou de maneira rápida e sem impasses.
Na época, o Governo do Estado determinou o fim do racionamento quando o açude ainda não tinha alcançando nem 10% do volume depois da chegada da água a transposição.
De um lado, o Estado se adiantava em liberar os campinenses para o consumo diário de água nas torneiras, mas do outro, Ministério da Integração Nacional (hoje MDR), membros da Justiça e Ministério Público Federal se posicionavam contrários e atuavam para que o abastecimento reduzido fosse mantido.
O Governo do Estado acabou ganhando a batalha e conseguiu garantir a volta do abastecimento regular de água na região de Campina Grande após todos os impasses.