Coronel da PM admite ter estuprado filha de 10 anos: “Curiosa”

 



Em áudio obtido, o coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo Luiz Enrique de Souza Ikeda, de 54 anos, admite ter estuprado a própria filha adotiva e praticado uma série de abusos contra ela. Os crimes teriam ocorrido em Limeira, no interior do estado, em 2011, quando a menina tinha 10 anos. A confissão registrada no áudio ocorreu anos depois, em 2017, em uma conversa entre o PM e a menina, já com 16 anos.

O caso passou a ser investigado em junho de 2020 pela da Delegacia de Defesa da Mulher de Limeira, em um inquérito que durou quase cinco anos. Em janeiro, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) apresentou denúncia contra Ikeda por estupro de vulnerável. Em fevereiro, a denúncia foi aceita pela Justiça, e o coronel se tornou réu. A reportagem teve acesso ao processo, que corre em segredo.

A gravação, de aproximadamente 2 horas e 30 minutos, foi feita na cozinha da casa em que moravam, na véspera da morte da esposa de Ikeda, mãe da menina. A mulher estava debilitada havia meses, por causa de um câncer.

Na ocasião, o coronel, sem saber que estava sendo gravado, tentava fazer a filha admitir que teria contado sobre os abusos para a mãe. Durante a conversa, ele admite ao menos dois estupros, em diferentes situações. Nos dois casos, coloca a culpa na criança, que, segundo ele, seria “curiosa” e “sonâmbula”.

 “Eu tinha bebido muito. Você me aparece na lavanderia, no meio do que aconteceu, e curiosa de saber como é que eram as coisas. Então, eu estava suscetível ao que aconteceu. Deixei rolar. Então, como eu falei, eu não me eximo de culpa. Só que, nessa história, a culpa não é só minha. Nunca foi. Tudo bem, você tinha 11 anos de idade, ia fazer 11. Então a sua culpa não é tão grande, porque você estava curiosa”, diz Ikeda em um trecho da gravação.

Em um dos estupros, que não teve a data exata especificada, o coronel diz ter “deixado” a menina manusear seu pênis, fazendo movimentos de masturbação.

 “Aí você parava. Ficava um tempinho sem eu fazer nada. Aí você mexia de novo no meu pênis, ele voltava a ficar duro, e você começava de novo. Aí eu: ‘Para, senão vou gozar de novo’. Aí você parava, deixava de novo, dava um tempinho, pegava de novo. Lembra? Se você não quisesse que o negócio continuasse, você simplesmente faria o quê? Deixava eu gozar”, diz o coronel na gravação.

Na gravação, Ikeda e a filha ainda conversam sobre um outro episódio, em que ele teria se masturbado com os pés da menina, enquanto ela dormia. O coronel, que estava deitado no pé da cama em que o resto da família dormia, acusou a filha de massagear seu pênis com os pés.

Segundo ele, pensando que a menina estava acordada, decidiu “deixar rolar” para ver até onde a filha iria.

 “Eu peguei, puxei a parte da bermuda um pouquinho para baixo e deixei meu pênis sair para fora aqui em cima. No instante que meu pênis foi para fora, você levou os seus dois pezinhos […] para a parte de cima aqui. Isso aqui na hora fez assim. Eu falei: ‘Acho que ela tá acordada. Só pode tá acordada. Não é possível o negócio estar acontecendo desse jeito’. Aí eu peguei e pensei o quê? A bosta do hormônio”, disse.

 “Estou falando para você, a bosta do hormônio é o que faz a gente fazer cagada. Eu peguei meu pênis e coloquei um pouquinho para frente. Advinha o que aconteceu? Os seus pezinhos… Aqui meu pênis, aqui seus pezinhos. Eu coloquei para cá. Seus pezinhos fizeram assim, ó. Pararam de fazer assim e começaram a fazer assim”, acrescentou o coronel, enquanto provavelmente reproduzia o suposto gesto com as mãos.

 “Às vezes você é sonâmbula e não sabe”, disse.

Metrópole

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