A Câmara realiza uma comissão geral na
próxima quarta-feira (8), às 9h30, para discutir a seca na região
Nordeste do País. Parlamentares, especialistas e representantes do
governo federal vão avaliar medidas capazes de reduzir os impactos da
estiagem na região, que só neste ano atinge mais de 1.415 municípios.
Considerada um problema crônico e de
difícil solução, a falta de chuvas no sertão nordestino está associada a
causas naturais, principalmente à baixa influência de massas de ar
úmidas e frias vindas do Sul. No entanto, para o deputado Leonardo
Gadelha (PSC-PB), que propôs a comissão geral, o poder público não pode
continuar usando a imprevisibilidade do fenômeno como argumento para não
agir preventivamente.
Segundo o deputado, já é possível prever a
incidência de longos períodos de estiagem. Como exemplo, ele cita o
estudo de um dos especialistas que deverá participar da comissão geral
na próxima quarta-feira, o professor Luiz Carlos Molion, da Universidade
Federal de Alagoas. “Esse estudo mostra a correlação do resfriamento
das águas do Oceano Pacífico com a incidência de uma estiagem mais aguda
no nordeste”, explicou Gadelha. “Com esse convidado eu quero mostrar
que nós já temos condições técnicas de prever, pelo menos com um ano de
antecedência, a incidência de uma forte estiagem.”
O deputado cita ainda outros pontos que
poderiam contribuir para amenizar os efeitos da escassez de água que
destrói lavouras, provoca a morte de animais e cria dificuldades para o
homem, sobretudo o que vive do campo. “Para discutir a questão do
crédito, eu sugeri que fosse convidado o presidente do Banco do
Nordeste, Ari Joel Lanzarin”, disse Gadelha.
Para o deputado Alexandre Toledo
(PSDB-AL), a questão central nesse caso são as dívidas dos produtores
rurais. “Com o ritmo em que estão sendo feitas as execuções no Nordeste,
brevemente haverá apenas um grande latifúndio pertencente aos bancos”,
criticou.
Gadelha também sugeriu que fosse convidado
o diretor do Instituto Nacional do Semiárido, Ignacio Hernán Salcedo,
para falar sobre técnicas que já existem para melhorar a convivência do
homem nordestino com a estiagem. Segundo o presidente do Centro de
Estudos, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), a ideia é levar para o
debate propostas de ações concretas para ajudar a população a conviver
com a seca que se repete com frequência na região.
"É importante fazer plantas que sejam
resistentes à baixa precipitação pluviométrica. Está sendo feito um
estudo pela Embrapa sobre o café, a soja, o feijão, o arroz, o trigo, o
algodão e tantos outros produtos que podem trazer rentabilidade", disse
Inocêncio.
Rio São Francisco
O deputado Leonardo Gadelha sugeriu ainda o
convite ao ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho,
para discutir quais ações estão sendo tomadas para assegurar que a
região não sofrerá mais com déficit hídrico.
“Nesse caso, a principal solução é
conclusão das obras de transposição do rio São Francisco e nós
precisamos saber quando vamos poder contar com essa água da
transposição”, completou.