O padre Danilo César de
Sousa Bezerra, da Igreja de São José, em Areial, na Paraíba, foi notificado
extrajudicialmente pela família da cantora Preta Gil. A medida foi tomada após
declarações feitas por ele durante uma homilia, no dia 27 de julho, uma semana
após o falecimento da artista, vítima de câncer.
De acordo com a
notificação, assinada por Gilberto Gil e Flora Gil, o sacerdote teria feito
referências consideradas desrespeitosas às religiões de matriz africana ao
comentar a morte da cantora.
Durante a celebração,
ele citou que orações feitas aos orixás não teriam resultado na cura da
artista, questionando:
“Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é
porque Deus sabe o que faz, ele sabe o que é melhor para você, que a morte é
melhor para você. Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma
oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já
enterraram?”, disse.
O documento acusa o
padre de intolerância religiosa e de utilizar expressões que desqualificariam
crenças afro-brasileiras, como ao mencionar “forças ocultas” e desejar que “o
diabo levasse” os praticantes dessas religiões.
A notificação ainda
aponta que, ao ironizar a ausência de intervenção espiritual no caso da
cantora, o padre associou a fé professada por ela e por seu pai ao sofrimento,
utilizando tom considerado ofensivo.
“Em seguida, debochou da fé que atribui à
cantora Preta Gil e ao seu pai, Gilberto Gil, ao ironizar a ausência de
intervenção dos orixás numa supostamente desejada ressurreição da artista; ao
fazê-lo, associou diretamente sua espiritualidade ao sofrimento, com tom e
postura inapropriados”, diz a notificação.
MaisPB