Segundo especialistas, retórica agressiva dos norte-coreanos serve apenas como barganha
Cão que ladra não morde. O velho dito popular explica bem a estratégia
política da Coreia do Norte. Apesar da retórica exagerada, o ditador
Kim Jong-un não vai lançar um ataque contra Coreia do Sul e Estados
Unidos, segundo especialistas ouvidos pelo R7. Mas as ameaças de Kim não
são apenas latidos estridentes e teriam dois objetivos: sacramentar seu
poder internamente e conseguir comida para aplacar a miséria da
população.
O jovem líder norte-coreano assumiu o país em dezembro de 2011 em meio a uma séria crise alimentar — problema que se arrasta desde a década de 1990, quando milhares de pessoas morreram de fome.
No país de Kim, dois terços da população de 24 milhões de habitantes correm o risco de falta de alimentos, segundo a ONU. E 28% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crônica.
Diante de um cenário que derrubaria qualquer governo no mundo, a resposta do regime comunista de Pyonyang foi subir o tom das ameaças.
“Esse é o jogo político da Coreia do Norte. Ela está tentando mostrar que é forte”, afirma o especialista em Ásia Argemiro Procópio, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília.
Esse jogo de palavras do ditador “não vai conseguir levar o mundo a um conflito nuclear”, afirma o especialista em conflitos internacionais e professor da ESPM Heni Ozi Cukier.
— Acreditar que ele consegue é dar muito poder na mão de uma pessoa só. Ali é questão de sobrevivência. É tudo estratégico.
O objetivo, então, diz o professor da UnB, seria esconder da comunidade internacional e de sua própria população os graves problemas da nação.
— Com um inimigo externo, você mobiliza as forças internas.
Propaganda, a alma do poder
Essa propaganda de um inimigo de fora é um dos pilares de sustentação do país, afirma Diogo Costa, professor de relações internacionais do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais).
— São gerações [de norte-coreanos] alimentados com informações por meio da propaganda do governo. É um governo muito mais sustentado pela propaganda do que pela força bélica.
Mas, além da manutenção do poder, essa estratégia tem outros objetivos, afirmam os especialistas: conseguir da comunidade internacional o fim das sanções econômicas para aplacar a miséria do povo.
“Só tem um tipo de negociação que se faz com a Coreia do Norte, que é ajudá-la. Ou seja, dar dinheiro, dar comida, dar energia para a Coreia do Norte, em troca de o país ficar quietinho”, diz Costa.
Para o professor da UnB, essa estratégia militar de Pyongyang se tornou um meio de vida.
— A Coreia do Norte tem feito esse tipo de ameaças como troca, como barganha. A política do país é essa. [Depois que passar essa fase], daqui uns dois anos volta de novo.
Os últimos dias foram ricos nesse tipo de propaganda do regime comunista. No fim de semana, a agência de notícias KCNA mostrou imagens do treinamento militar de cães, em que bonecos com o rosto do ministro de Defesa da Coreia do Sul eram atacados por pastores-alemães.
Enquanto seus objetivos não são alcançados na atual crise, a Coreia do Norte continuará tentando convencer a comunidade internacional de que seus cães mordem, sim.
O jovem líder norte-coreano assumiu o país em dezembro de 2011 em meio a uma séria crise alimentar — problema que se arrasta desde a década de 1990, quando milhares de pessoas morreram de fome.
No país de Kim, dois terços da população de 24 milhões de habitantes correm o risco de falta de alimentos, segundo a ONU. E 28% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crônica.
Diante de um cenário que derrubaria qualquer governo no mundo, a resposta do regime comunista de Pyonyang foi subir o tom das ameaças.
“Esse é o jogo político da Coreia do Norte. Ela está tentando mostrar que é forte”, afirma o especialista em Ásia Argemiro Procópio, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília.
Esse jogo de palavras do ditador “não vai conseguir levar o mundo a um conflito nuclear”, afirma o especialista em conflitos internacionais e professor da ESPM Heni Ozi Cukier.
— Acreditar que ele consegue é dar muito poder na mão de uma pessoa só. Ali é questão de sobrevivência. É tudo estratégico.
O objetivo, então, diz o professor da UnB, seria esconder da comunidade internacional e de sua própria população os graves problemas da nação.
— Com um inimigo externo, você mobiliza as forças internas.
Propaganda, a alma do poder
Essa propaganda de um inimigo de fora é um dos pilares de sustentação do país, afirma Diogo Costa, professor de relações internacionais do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais).
— São gerações [de norte-coreanos] alimentados com informações por meio da propaganda do governo. É um governo muito mais sustentado pela propaganda do que pela força bélica.
Mas, além da manutenção do poder, essa estratégia tem outros objetivos, afirmam os especialistas: conseguir da comunidade internacional o fim das sanções econômicas para aplacar a miséria do povo.
“Só tem um tipo de negociação que se faz com a Coreia do Norte, que é ajudá-la. Ou seja, dar dinheiro, dar comida, dar energia para a Coreia do Norte, em troca de o país ficar quietinho”, diz Costa.
Para o professor da UnB, essa estratégia militar de Pyongyang se tornou um meio de vida.
— A Coreia do Norte tem feito esse tipo de ameaças como troca, como barganha. A política do país é essa. [Depois que passar essa fase], daqui uns dois anos volta de novo.
Os últimos dias foram ricos nesse tipo de propaganda do regime comunista. No fim de semana, a agência de notícias KCNA mostrou imagens do treinamento militar de cães, em que bonecos com o rosto do ministro de Defesa da Coreia do Sul eram atacados por pastores-alemães.
Enquanto seus objetivos não são alcançados na atual crise, a Coreia do Norte continuará tentando convencer a comunidade internacional de que seus cães mordem, sim.
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