Depois de um verão com chuvas abaixo da
média, os sistemas de abastecimento de água das cidades nordestinas
estão entrando em colapso por conta daquela que já é considerada pelo
governo federal a maior seca dos últimos 50 anos na região. Levantamento feito pelo UOL,
na última semana, com todas as novas companhias de saneamento do
Nordeste, aponta que 314 municípios enfrentam problemas no abastecimento
de água por conta da estiagem prolongada, afetando cerca de 5 milhões
de pessoas.
Desses municípios, pelo menos 55 estão em colapso total e não têm mais água nas torneiras e são abastecidos por carros-pipa ou outros meios emergenciais –um aumento de 450% em relação a novembro do ano passado. Duas capitais já enfrentam racionamento: Recife e Maceió.
Apenas o Maranhão, que não possui
cidades no semiárido, não tem município em racionamento. Além dos
municípios do semiárido, os problemas chegam a cidades do agreste, zona
da mata e até litoral. Apesar das chuvas dos últimos dias em muitas
cidades da região, as companhias informaram que o volume foi incapaz de
alterar significativamente o nível dos mananciais.
Pernambuco é o Estado
com maior número de municípios atingidos. Segundo a Compesa (Companhia
Pernambucana de Saneamento), dos 185 municípios do Estado, 151 estão com
algum tipo de déficit no abastecimento. Desses, 16 estão em colapso,
sendo abastecidas por carros-pipa.
O prolongamento da estiagem fez com que
Recife e Jaboatão dos Guararapes (região metropolitana da capital)
entrassem em sistema de racionamento desde o dia 1º de março. Na capital
pernambucana, os moradores recebem água por 20 horas e ficam 28 sem.
Olinda e Cabo de Santo Agostinho também, na Grande Recife, estão em
sistema de rodízio há mais tempo.
A Bahia enfrenta uma
grande diminuição do nível dos mananciais utilizados para abastecimento,
o que fez a Embasa a adotar um racionamento em 53 municípios. A empresa
lançou campanha recomendando que sejam instaladas caixas d’água com
capacidade suficiente para atender as necessidades diárias de consumo.
Para evitar mais problemas, a Embasa pediu que a população adote o
“consumo racional” da água. A empresa pede ainda que a água não seja
usada irrigação de jardins ou lavagem de carros, calçadas e áreas
externas.
Em Alagoas, 30 dos 102
municípios estão enfrentando rodízio por conta da seca, entre elas
Maceió. O Estado é o único do Nordeste a ter adotado racionamento na
capital e região metropolitana. Na capital, cinco bairros da parte alta
enfrentam rodízio desde novembro de 2012. Segundo a Casal (Companhia de
Saneamento de Alagoas), a situação mais crítica é na cidade Paulo
Jacinto, onde a barragem que abastece a cidade secou, e toda população
está sendo abastecida por carro-pipa.
“A Casal já está realizando uma obra
para transposição de água de outra barragem para esta que secou, para
assim normalizar o abastecimento.” A empresa informou que, além da seca,
problemas como furto de água e vandalismo também cooperam para que o
problema seja agravado. A Companhia informou que já forneceu um bilhão
de litros de água para os caminhões da Operação Pipa, com investimentos
superiores a R$ 3 milhões.
Segundo a Caern (Companhia de Água e
Esgoto do Rio Grande do Norte), 14 cidades enfrentam colapso no Estado,
todas ligadas à adutora Monsenhor Expedito. Segundo a empresa, a área
urbana dessas cidades está sendo atendida por carros-pipa da Caern, da
Defesa Civil e do Exército. Em Carnaúba dos Dantas, os moradores estão
sendo atendidos por chafarizes instalados.
Também no Rio Grande do Norte existem
18 cidades que passam por algum tipo de dificuldade e enfrentam
rodízio. Segundo a Caern, o rodízio foi iniciado em janeiro, com a
chegada do verão, quando a Lagoa do Bonfim diminuiu a capacidade de
armazenamento. A previsão é que o rodízio só termine quando a lagoa
voltar à capacidade normal de vazão. A capital está, até o momento, com o
seu sistema atendendo normalmente.
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