A mãe de uma criança,
de 11 anos, acusa uma escola na zona sul de São Paulo de maus-tratos contra seu
filho, que tem diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). O caso
teria acontecido no dia 9 de setembro.
De acordo com o boletim
de ocorrência, o menino contou para a mãe que teve a boca tampada com fita
adesiva por uma das professoras do Colégio Paulicéia, durante o período de aula
e na frente dos colegas de classe. A criança ainda teria removido a fita, mas a
professora tampou a boca do aluno novamente com o intuito de calar o menino.
Ainda de acordo com o
registro, a mãe procurou a administração da escola para esclarecer o ocorrido.
Ela participou de uma reunião com os proprietários e a coordenadora da
instituição.
Na reunião, a mulher
soube que as supostas agressões foram filmadas por câmeras de segurança, mas
foi informada que a escola não compartilharia as imagens.
Ela expressou sua
indignação e questionou a humilhação pela qual o menino foi submetido na frente
dos colegas. Ela também foi informada que a professora seria demitida, mas a
escola estaria aguardando um respaldo do departamento jurídico.
“Eu sou mãe atípica, mãe de um menino amoroso.
Tenho orgulho do meu filho. Mas, hoje, meu maior medo se transformou em
realidade: meu filho de 11 anos, autista, foi agredido por quem deveria cuidar,
proteger e orientar”, escreveu ela em depoimento. “A violência não pode ser
tratada com frieza ou impunidade. O mínimo que esperamos é justiça e o fim do
silêncio em torno dessas violências. Nenhuma criança deve ser tratada como um
fardo”, finalizou.
A mulher ainda afirmou
que ficou em desespero e jamais poderia imaginar que isso aconteceria com seu
filho. “Apesar de saber que nós somos as vítimas da situação, ainda sinto medo.
Mas mesmo com medo sigo em frente! Isso pela pessoinha que me ensinou o
verdadeiro sentido da expressão: amor incondicional”, disse.
Para o advogado Marcelo
Válio, especialista em Direito dos Vulneráveis, e representante da família da
criança, o caso expõe falhas graves na proteção de alunos com deficiência.
“A escola como meio educacional e de apoio
dessa comunidade vulnerável autista deveria dar o exemplo, pois a família
confiava plenamente na instituição e em seus professores. Contudo, o colégio
deixou a proteção de lado, e o aluno autista foi vítima de um crime repugnante
no interior de uma escola que se apresenta como inclusiva e protetora.”
O caso foi comunicado à
Delegacia de Proteção da Pessoa com Deficiência (DHPP) e registrado como
“maus-tratos”
O
que disse a escola
Em nota, o Colégio
Paulicéia afirmou que preza pela
integridade e bem-estar dos alunos.
“Como medida inicial e
em caráter preventivo, a professora envolvida foi afastada de suas funções.
Adicionalmente, o Colégio Paulicéia já tomou as providências para instaurar uma
sindicância interna, em estrita conformidade com a legislação vigente, a fim de
investigar profundamente o ocorrido e apurar todas as responsabilidades”, diz o
posicionamento.
“Estamos empenhados em
garantir a transparência e a justiça em todo o processo, e tomaremos todas as
medidas cabíveis de acordo com as conclusões da sindicância. Permanecemos à
disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais, dentro dos limites da
confidencialidade e do devido processo legal.”
Metrópoles