Por três meses, segundo magistrado Paulo Augusto Moreira Lima (centro) registrou em carta ao corregedor-geral; Ayres Britto, presidente do STF, classifica como de "gravidade incomum" intimidações feitas ao juiz federal, que pediu afastamento do caso; "Terei de conviver com as consequências da Monte Carlo por muito tempo", justificou
Paulo Augusto Moreira Lima denunciou sofrer ameaças e pediu para ser afastado do caso, que corre na 1ª Vara Federal de Goiânia. Em ofício divulgado no jornal O Estado de S.Paulo nesta terça-feira ao corregedor-geral do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Carlos Olavo, o magistrado afirma que está sob "situação de extrema exposição junto à criminalidade do estado de Goiás" e que deixará o País por três meses por questões de segurança.
No documento de cinco páginas a que o Estadão teve acesso, o juiz diz que segue esquema rígido de segurança por recomendação da Polícia Federal, mas conta que sua família foi abordada e que foi ameaçado sobre a possibilidade de sofrer represálias nos próximos meses. Ele denuncia que investigados pela operação da PF podem estar envolvidos com homicídios cometidos recentemente, o que configuraria em queima de arquivo.
"Pelo que se tem informação, até o presente momento, há crimes de homicídio provavelmente praticados a mando por réus do processo pertinente à Operação Monte Carlo, o que reforça a periculosidade da quadrilha", relata. O juiz lembra que ficará marcado por este caso, mesmo que saia do País. "Infelizmente, Excelência, Goiânia/GO é uma cidade pequena, onde todos se conhecem, e terei que conviver com as consequências da Operação Monte Carlo e dessas outras operações por muito tempo, principalmente porque nasci e fui criado nesta cidade", afirma o juiz.
Antes da reunião do Conselho Nacional de Justiça desta terça-feira 19, a ministra Eliana Calmon disse que foi procurada pelo juiz. Ela disse, segundo reportagem do portal G1, que enviou um juiz auxiliar da CNJ para apaziguar a situação e que pretende dar todo apoio ao juiz. A corregedora também afirmou estar surpresa com o documento publicado pel´O Estado de S.Paulo.
O juiz escolhido para herdar o caso, Leão Aparecido Alves, disse que se declara impedido de conduzir o processo por ser amigo de José Olímpio Queiroga Neto, suspeito de ser aliado de Carlos Cachoeira. Segundo Eliana Calmon, se comprovada a relação dos dois, o magistrado não poderá assumir o caso.
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