O número de mulheres mortas por violência 
doméstica na Paraíba, nos setes primeiros meses deste ano, é maior do 
que a quantidade de vítimas femininas que atuavam no tráfico de drogas, 
de acordo com o levantamento feito pelo Centro da Mulher 8 de Março, 
divulgado nesta terça-feira (6). Ao todo foram 24 mulheres mortas quando
 o suspeito tinha algum tipo de relação afetiva com a vítima, enquanto 
18 envolvidas com o tráfico de drogas foram assassinadas.
Apesar disso, o relatório aponta uma 
pequena diminuição nos casos de violência doméstica. Em 2012, até o 
final de julho, 30 casos já haviam sido registrados, além de outras 53 
tentativas de homicídio, enquanto neste ano são 33 tentativas. Em 2013 
outras 22 mulheres sofreram agressões físicas.
Nos casos de estupro também registro-seu 
uma queda nos gráficos. De janeiro a julho de 2012 foram 53 estupros, 
nove a mais do que no mesmo período deste ano.
A delegada Renata Matias, da Delegacia da 
Mulher de João Pessoa, acredita que a Lei Maria da Penha, que completa 
sete anos nesta quarta-feira, tem sido eficaz no combate à violência 
contra o público feminino. Por isso, as mulheres se sentem cada vez mais
 motivadas a denunciar qualquer tipo de agressão, seja física ou 
psicológica. “Com a Lei Maria da Penha, a mulher ganhou toda uma 
proteção, toda uma estrutura que a motiva a denunciar. Por conta disso, a
 sociedade tem a falsa impressão de que, com a lei, a violência contra a
 mulher aumentou. Isso não aconteceu. O que aconteceu é que a mulher 
denuncia cada vez mais os companheiros”, enfatizou.
Com relação aos casos que atende, Renata 
Matias explicou que o perfil das vítimas de violência doméstica é 
variado. “A violência doméstica está em todas as classes, em todas as 
faixas etárias. Há mulheres que foram vítimas de violência apenas uma 
vez e não hesitaram em denunciar. Há outras que denunciaram após sofrer 
muito tempo em silêncio”, disse.
A delegada disse ainda que, diferentemente
 do que se pensa, a dependência emocional tem sido um fator que impede 
que a mulher denuncie o companheiro, até mais que a financeira. “Há 
também a dependência financeira, claro. Mas o que percebemos é que as 
mulheres não querem denunciar os agressores porque gostam deles, 
simplesmente”, completou, acrescentando que, a possibilidade de o 
agressor ser punido mesmo sem que a vítima o denuncie, dá mais 
eficiência ao trabalho da polícia em combater a violência doméstica. “A 
polícia ficou para cumprir a lei, punir e não dar conselhos. Hoje, 
qualquer pessoa pode denunciar uma agressão física que presencie”.
Para combater a violência contra a mulher,
 a delegada pontuou que são vários os mecânicos que a sociedade dispõe. 
“É muito importante que a sociedade se conscientize e passe a ser cada 
vez mais uma parceira no combate a esse tipo de crime. Qualquer pessoa 
pode denunciar pelo 197, o disque-denúncia da Polícia Civil, ou o 190”, 
disse Renata Matias.
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